Uma vida, um sonho.

Chegava de fininho, pé ante pé, descalçava um sapato, depois o outro. Sentia os pés a arrefecer com o toque do chão frio. E à medida que ia passando pelo corredor, ia tirando o top. E de repente lembro-me de voltar atrás, e pegar no telemóvel da carteira. Não vá alguém, por obra do destino, precisar de falar comigo urgentemente.

Mas urgentemente, pedia o meu corpo para me despachar, apressava-me a tirar as calças. Ia deixando a roupa pelos cantos que encontrasse vazios. Logo de seguida chegava a porta do quarto, retirava o resto da roupa de modo a ficar sem barreiras entre nós. Mas antes de saltar para a cama, corro (sempre devagarinho) para a casa de banho, penteio o cabelo, lavo a cara, os dentes, espalho um creme rápido pelo corpo. 

E estou pronta para defenitivamente saltar para cima da cama. Enfio-me sem que te apercebas por entre os lençóis que já te aconchegam à umas valentes horas, e penso "que inveja". Poderia ser bem o teu lençol de dormir todos os dias. Protegia-te do frio, e de todos as sombras que existiriam por entre esses pensamentos misteriosos que tanto desejo perceber. Embrulhava-me por entre os teus braços, dava-te um beijo de boa noite. Aquele que te tinha prometido quando me mandaste mensagem a dizer que te irias deitar, e digo de sussurro "bons sonhos", com a esperança de que sejam comigo. Fecho os olhos e sinto-me realizada. Penso em ti mais uma vez antes de adormecer, e agradeço a Deus por poder partilhar tão bons momentos contigo. 

E tudo não passa de um sonho de uma vida contigo.